Exposição “O Posto Antiofídico” resgata a história de Belo Horizonte
A história da Funed se mistura a de Belo Horizonte. A cidade foi projetada em uma região onde havia uma grande quantidade de escorpiões silvestres devido ao bioma predominante. À medida que a cidade crescia a convivência dos moradores da nova capital mineira com os animais peçonhentos que ali estavam foi se tornando cada vez mais difícil e delicada.
No início do século passado, o índice de acidentes fatais causados por serpentes venenosas e escorpiões era muito grande. Crianças, trabalhadores e idosos não resistiam aos edemas e às complicações e muitas morriam em questão de dias ou horas. Somado a este problema social, havia a questão econômica do setor agropecuário, pois parte do gado também era afetada.
E é neste contexto que a pesquisa científica em saúde pública da Funed foi determinante para o desenvolvimento econômico da capital e de Minas Gerais, explicou a historiadora do Serviço de Informação Científica, Histórica e Cultural da Funed, Fabiana Melo Neves, sobre o papel que a Fundação teve na modernização do estado. “Foi uma junção das necessidades sociais e econômicas. A nossa economia era agrária e leiteira e as serpentes picavam o gado, que morria, o qual gerava um problema econômico. Então juntou-se a necessidade da sociedade, que estava sendo picada, e a necessidade econômica dos fazendeiros em criar um Posto Antiofídico em Belo Horizonte”, explicou Fabiana.

Parte desta história é ilustrada pela exposição “O Posto Antiofídico” com curadoria da Biblioteca da Funed. São 54 fotografias que retratam as atividades dos pesquisadores da época. Um dos pontos altos da mostra é o valor histórico do material apresentado, que datam do início do século passado. São relatos e fotos de acidentes com animais peçonhentos, matérias jornalísticas, artigos científicos, mapas e gráficos que documentam onde foram encontrados os animais em Belo Horizonte e Minas Gerais.
Valor social, científico e econômico do Posto Antiofídico
Criado em 1918, o posto tinha o objetivo de pesquisar os assuntos relacionados a mordeduras de cobras e picadas de escorpiões, além de colher o veneno das serpentes que eram enviadas pelos fazendeiros. Este veneno era remetido para o Instituto Butantan e este retornava com o soro antiofídico. As serpentes raras ou desconhecidas ficavam no posto para estudo científico. Na época, a Fundação ainda era vinculada ao Governo Federal, uma filial do Instituto Manguinhos do Rio de Janeiro.
O Posto Antiofídico também tinha um papel educacional para reduzir a mortalidade causada pelos acidentes. Enquanto em Belo Horizonte a urbanização expunha a população aos escorpiões silvestres, no interior do estado a expansão da agropecuária colocava a população em contato com serpentes peçonhentas, além dos problemas econômicos causados quando o gado sofria algum tipo de acidente com as cobras.
Curiosidades que você verá na Exposição:
- Era comum na Praça da Liberdade e na Rua da Bahia serem encontrados escorpiões e serpentes peçonhentas;
- Na década de 30, até mesmo países como Japão e Nicarágua doaram cobras para a Funed;
- Os “modos de cura popular”, como amuletos, orações, misturas de jiló e cachaça, são um dos temas da exposição. Pedras e amuletos eram encaminhados para a Funed para a avaliação e validação científica.
Serviço:
Exposição “O Posto Antiofídico”
Data: 1º a 29/7/2019
Horário: segunda a sexta, das 8h às 16h
Local: Prédio Principal | Funed
Realização: Serviço de Informação Científica Histórica e Cultural
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Por Priscilla Fujwara
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Publicado em: 04 de julho de 2019 09:45
Última atualização: 05 de outubro de 2022 18:48