Conheça as principais características que facilitam o reconhecimento das aranhas
Acidentes com animais peçonhentos podem acontecer ao longo do ano inteiro. Entretanto, são mais comuns em determinadas épocas. As altas temperaturas e a maior incidência de chuvas são fatores que favorecem a ocorrência desses acidentes. Isso porque são nesses períodos que os animais peçonhentos são mais ativos e saem do seu habitat natural à procura de alimento ou abrigo próximo, ou no interior das residências. Os animais peçonhentos mais conhecidos são: escorpiões, serpentes, aranhas, lagartas, abelhas, dentre outros, e eles podem ser encontrados tanto em áreas urbanas quanto rurais.
Segundo Luana Silveira da Rocha Nowicki Varela, analista em Saúde e Tecnologia e referência Técnica do Serviço de Proteômica e Aracnídeos, da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), das mais de 51 mil espécies de aranhas até hoje descritas em todo o mundo, somente algumas espécies, de aproximadamente 15 gêneros, são consideradas potencialmente perigosas para o ser humano. No Brasil, apenas três gêneros são considerados de importância médica, ou seja, são capazes de causar acidentes graves em humanos. Loxosceles (aranhas-marrons), Latrodectus (viúvas) e Phoneutria (aranhas-armadeiras) são os gêneros responsáveis pelos quadros de envenenamento com maior relevância no Brasil.
De acordo com Luana, as principais características que facilitam o reconhecimento dos gêneros de importância médica no Brasil são:
- Phoneutria sp. (aranha-armadeira):
São aranhas grandes, podendo atingir cerca de 5 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de pernas, as quelíceras costumam ser avermelhadas; o corpo é coberto por pelos curtos de coloração marrom-claro a acinzentado e o abdômen possui um padrão característico de manchas em formato de folha ou coração. Apresentam oito olhos dispostos em três fileiras e assumem comportamento de defesa, apoiando-se nas pernas posteriores e erguendo as dianteiras, os palpos e abrindo as quelíceras, tornando-as bem visíveis, juntamente com os ferrões. - Loxosceles sp. (aranha-marrom):
Apresentam coloração marrom e amarelo acinzentado, possuem seis olhos organizados em três duplas separadas no cefalotórax, apresenta uma mancha característica na região dos olhos, com formato de violino e que cobre principalmente a região dos olhos e medem aproximadamente 1 cm de corpo e 3 cm de envergadura. - Latrodectus sp. (viúvas):
As viúvas negras possuem coloração predominantemente pretas. Podem ter manchas vermelhas de formatos variados no abdômen, que mudam de espécie para espécie. Possuem uma mancha avermelhada característica no ventre do abdômen, em forma de ampulheta, que está presente tanto nas viúva-marrom, como em muitas espécies de viúvas-negras.
A maioria das espécies de aranhas que apresentam veneno com ação contra vertebrados causam apenas sintomas de pouca gravidade, como dor local, vermelhidão e inchaço no local da picada. Ainda segundo Luana, alguns exemplos comuns de aranhas que não oferecem risco aos humanos são as aranhas-de-jardim (Lycosidae), comuns em gramados e jardins; as aranhas treme-treme (Phocidae), conhecidas pelas pernas finas que aparecem nos cantos das paredes das residências; as aranhas da família Araneidae, que constroem as famosas teias orbiculares nas árvores e nos jardins; e as aranhas-papa-moscas (Salticidae), que já viraram até personagem do desenho animado “Lucas, a aranha”.
Apesar de todo temor que elas possam causar, todas as aranhas têm papel importante na natureza, exercendo função de controle natural na população de insetos e auxílio no controle biológico contra pragas de forma natural, sem causar desequilíbrio no ecossistema.
Caso você encontre uma aranha ou qualquer outro animal peçonhento, evite contato direto com o animal e, se for necessário, contacte a equipe de zoonozes da sua região para mais orientações. Em caso de captura do animal, o mesmo poderá ser entregue na Funed. Já em caso de acidentes envolvendo animais peçonhentos, o ideal é procurar um hospital do Sistema Único de Saúde mais próximo, o mais rápido possível. Em Belo Horizonte, o Hospital João XXIII é referência para atendimento que envolve envenenamento com animais peçonhentos.
Imagem: Phoneutria nigriventer – Crédito: Léo Noronha/Funed
Ana Luíza Adolfo, sob supervisão de Ana Paula Brum
Veja mais notícias de: Destaque
Publicado em: 30 de maio de 2023 10:21
Última atualização: 30 de maio de 2023 10:25